A cidade de Patos, a 314 km de João Pessoa, vai
parar na tarde desta quarta-feira, quando acontece o sepultamento de
Pinto do Acordeon, falecido em São Paulo, terça-feira, e velado no mesmo
dia no Parque das Acácias, na capital paraibana para onde o corpo foi
trasladado. Nascido Francisco Ferreira de Lima, em 1948, em Conceição do
Piancó (também cidade natal de Elba Ramalho), Pinto do Acordeom, ou
Nego Pinto, como também era conhecido, chegou a Patos, em 1964, aos 16
anos, e foi adotado pela cidade, que o tem como patrimônio, já que mesmo
depois do sucesso, ou quando assumiu a vereança na capital (foi eleito
vereador por dois mandatos), continuou morando lá.
Pinto do Acordeon
foi um dos modernizadores do forró chamado de pé-de-serra, utilizando
instrumentos de sopro, guitarras e baixos elétricos, com os tradicionais
zabumba, sanfona e triângulo. Gravou o primeiro LP. Gosto da Bahia, por
uma gravadora pouco conhecida, a Japoti, pela qual gravaram muitos
forrozeiros (era sua especialidade). O segundo álbum, Forró Cocota
(1979), já tem selo passarela, da Rozenblit, um de seus melhores discos.
Na faixa Mais Respeito com São João, Pinto do Acordeon alerta para as
desfigurações que o gênero já sofria, sobretudo com o duplo sentido
transpassando os limites da malícia, para se tornar apelativo, com
trocadilhos grosseiros. “São João está tão triste com esta corrupção/só
cantam pornofonia, ele não tem alegria, ninguém mais solta balão/ninguém
acende fogueira, ninguém usa mais ronqueira/tá fugindo a tradição/São
João não é assim/vamos ter mais respeito/ com São João do Carnerim/ Tá
faltado é poeta/tá faltando inspiração/tão fazendo é sujeira com o nosso
baião”
MILAGRES
O forrozeiro foi também santo de casa que fez milagres. Pinto do Acordeon recebeu todas as honrarias que um músico poderia receber do seu estado natal. Uma das últimas, em junho de 2019, foi sua obra ter sido proclamada como Patrimônio Cultural e Imaterial da Paraíba. Em Patos, circulam muitas histórias do folclore de Nego Pinto, como também o chamam na cidade. Contam que uma noite Pinto foi para a farra com os amigos, tarde da noite ele, viu que tinha passado da hora que disse à esposa que voltaria. Quando se despediu dos amigos, um deles, Edvaldo Motta, disse que tinha um álibi. Ele continuasse lá e quando chegasse em casa dissesse à mulher que estava no velório do maestro Edson Morais. Pinto não sabia dessa morte, surpreendeu-se, pois era amigo do maestro, e continuou tocando e bebendo com os amigos até perto do dia amanhecer.
Quando chegou em casa disse à dona Madalena, com quem casou em 1968, que estava no velório. Às nove da manhã foram à casa do maestro para as condolências à família. Foram recebidos pelo próprio maestro Edson Morais, vivinho da Silva. Pinto teve complicações para se explicar à cara metade. (história contada no jornal Folha Patoense, em matéria de Damião Lucena).
Seu grande momento aconteceu em 1986, quando teve uma composição Neném Mulher, incluída na trilha da novela Tieta. Em meio a nomes feito Caetano Veloso, Luiz Caldas, no auge, Maria Bethânia, Guilherme Arantes, Tim Maia, Quinteto Violado, a música que estourou foi a dele, que virou um clássico obrigatório no repertório dos intérpretes de forró. Neste mesmo ano, ele lançou seu álbum mais bem produzido, Me Botando pra Roer, pelo selo Jangada, da Odeon. Um disco que teve participações de Luiz Gonzaga e Dominguinhos, cantando com Pinto, mais a sanfona de Gennaro.
Ele conheceu Gonzagão através de um amigo comum, dono do Fumo do Bom, de que Lua fez muitos comerciais, e pelo qual foi patrocinado. O Rei do Baião reconhecia talentos. Pinto do Acordeon foi convidado a participar com ele de shows pelo país. Mas Pinto foi além das fronteiras nacionais. Em 2008, participou de uma noite de forró no festival de Montreux, na Suíça, com Chico César, Aleijadinho de Pombal, Flávio José e Trio Tamanduá, quando foi lançado o documentário Paraíba Meu Amor, do suíço Bernard Robert-Charrue, de qual Pinto do Acordeon é um dos personagens.
Com a morte de Pinto do Acordeon morre um parte muito importante do forró. Ela era dos poucos artistas do gênero que não se limitava ao xote romântico, que o ritmo mais empregado pelos forrozeiros nordestinos, dentre dezenas que constituem o coletivo forró. Nos discos de Pinto encontram-se baiões, rojões, sambaiões (Sambaiãozar é faixa do álbum Me Botando pra Roer), xaxado, marcha junina, entre outros ritmos que perigam desaparecer, se insistirem no xote.
MILAGRES
O forrozeiro foi também santo de casa que fez milagres. Pinto do Acordeon recebeu todas as honrarias que um músico poderia receber do seu estado natal. Uma das últimas, em junho de 2019, foi sua obra ter sido proclamada como Patrimônio Cultural e Imaterial da Paraíba. Em Patos, circulam muitas histórias do folclore de Nego Pinto, como também o chamam na cidade. Contam que uma noite Pinto foi para a farra com os amigos, tarde da noite ele, viu que tinha passado da hora que disse à esposa que voltaria. Quando se despediu dos amigos, um deles, Edvaldo Motta, disse que tinha um álibi. Ele continuasse lá e quando chegasse em casa dissesse à mulher que estava no velório do maestro Edson Morais. Pinto não sabia dessa morte, surpreendeu-se, pois era amigo do maestro, e continuou tocando e bebendo com os amigos até perto do dia amanhecer.
Quando chegou em casa disse à dona Madalena, com quem casou em 1968, que estava no velório. Às nove da manhã foram à casa do maestro para as condolências à família. Foram recebidos pelo próprio maestro Edson Morais, vivinho da Silva. Pinto teve complicações para se explicar à cara metade. (história contada no jornal Folha Patoense, em matéria de Damião Lucena).
Seu grande momento aconteceu em 1986, quando teve uma composição Neném Mulher, incluída na trilha da novela Tieta. Em meio a nomes feito Caetano Veloso, Luiz Caldas, no auge, Maria Bethânia, Guilherme Arantes, Tim Maia, Quinteto Violado, a música que estourou foi a dele, que virou um clássico obrigatório no repertório dos intérpretes de forró. Neste mesmo ano, ele lançou seu álbum mais bem produzido, Me Botando pra Roer, pelo selo Jangada, da Odeon. Um disco que teve participações de Luiz Gonzaga e Dominguinhos, cantando com Pinto, mais a sanfona de Gennaro.
Ele conheceu Gonzagão através de um amigo comum, dono do Fumo do Bom, de que Lua fez muitos comerciais, e pelo qual foi patrocinado. O Rei do Baião reconhecia talentos. Pinto do Acordeon foi convidado a participar com ele de shows pelo país. Mas Pinto foi além das fronteiras nacionais. Em 2008, participou de uma noite de forró no festival de Montreux, na Suíça, com Chico César, Aleijadinho de Pombal, Flávio José e Trio Tamanduá, quando foi lançado o documentário Paraíba Meu Amor, do suíço Bernard Robert-Charrue, de qual Pinto do Acordeon é um dos personagens.
Com a morte de Pinto do Acordeon morre um parte muito importante do forró. Ela era dos poucos artistas do gênero que não se limitava ao xote romântico, que o ritmo mais empregado pelos forrozeiros nordestinos, dentre dezenas que constituem o coletivo forró. Nos discos de Pinto encontram-se baiões, rojões, sambaiões (Sambaiãozar é faixa do álbum Me Botando pra Roer), xaxado, marcha junina, entre outros ritmos que perigam desaparecer, se insistirem no xote.
FONTE:https://jc.ne10.uol.com.br/cultura/musica/2020/07/11955848-pinto-do-acordeon-deixa-musica-nordestina-de-luto.html
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